Fiz Faculdade de Fotografia em 2007, na Universidade de Caxias do Sul/RS. Se eu conhecia alguém naquela cidade? não. Conhecia alguém no Rio Grande do Sul? não. Conhecia alguém na região sul do país? não.
Mas tinha o Orkut, e em uma comunidade especifica do curso, mandei mensagens pra alguns alunos e professores, pedindo informações, opniões sobre o curso e coisas assim. (Informações que certamente não encontraria no site.)
Queria saber se iria valer à pena sair de Olinda, Pernambuco pra estudar tão longe.
Frequentemente conversava com Jana, ou melhor Janaína, que na época cursava Fotografia na UCS, e ela sempre ia me dando informações sobre a cidade, moradia, transporte, vestibular, e o que mais precisasse saber pra organizar minha mudança. Acho que passamos mais de 1 ano conversando e trocando emails.
O curso durou 3 anos e Caxias do Sul é muito frio!
Muita coisa rolou durante a faculdade. O cidade universitária era enorme, tinha de prefeito à mini ônibus pra circular pelo campus gratuitamente. Era tudo muito limpo, organizado, florido, arborizado, e frio, muito frio.
O edifício que estudei se chamava CETEL (Centro de Teledifusão Educativa) ou Bloco T (sim! tinha todo o alfabeto), era onde tinha o studio de TV da faculdade e colado ao prédio da rádio. Lembro do primeiro dia de aula, não conhecia direito os ônibus de acesso à universidade e desci longe do Bloco T, - também não sabia do mini ônibus ainda. Então atravessei a universidade da sua entrada principal, até quase a saída; Tava frio e com muita neblina. Eu não digo neblina no sentido de, lá no alto das montanhas tem umas nuvenzinhas, eu digo, você está à pé e não enxerga 2 metros à sua frente. Eu sabia que depois de um grande estacionamento, ao fundo, tinha o prédio que eu iria estudar, e comecei a atravessar o estacionamento sem ver o carro seguinte à minha frente, muito menos o Bloco T.
Eu tava com medo, claro, não era como atravessar no escuro, é atravessar na neblina, nas nuvens, no claro, embaçado. Quando atravessei que vi o prédio, e olhei pra trás o estacionamento começou aparecer e ele parecia bem menor do que o que eu tinha acabado de atravessar na minha cabeça.
Essas e outras situações de frio eram novas pra mim, morar numa cidade com uma cultura completamente diferente da minha (Caxias foi colonizado por Italianos, e algumas pessoas mais idosas falavam no dialeto Veneto) longe de tudo que conhecia, meu pai havia morrido há pouco tempo, minha mãe já era idosa e morava sozinha...
Mas conheci pessoas incríveis! Já se passaram 16 anos e eu não acredito! Cresci sendo mais acolhida do que poderia imaginar. Os gauchos, principalmente os "colonos" são uma familia pra mim. Apesar de terem uma fama de serem frios nas relações, como são vistos alguns europeus, e também acreditam que pessoas agem conforme o clima da região; mas na verdade eles são acolhedores! - ou então dei muita sorte!
Trabalhei como bolsista na faculdade no período da noite todos os dias no mesmo prédio que estudava, auxiliava alunos de outros cursos e professores. Tanto no Estúdio, montando e desmontando, auxiliando em tudo, quanto no laboratório preto e branco que eu amava. O digital já havia tomado conta, mas tínhamos aula de filme preto e branco e cor, de revelação, ampliação, e o que eu mais gostava de ficar era no laboratório.
Trabalhei também como assistente de fotografia nos editoriais de moda feitos pelo fotógrafo Ricardo Wolffenbüttel, que também era meu colega de classe, e saíam no jornal da cidade, o Pioneiro. Foi realmente um período inesquecível! Aprendi tanto, cresci tanto...
Fiz minha monografia sobre semiótica do trabalho do fotógrafo espanhol Chema Madoz, e tirei nota máxima. no mesmo dia após a apresentação, retornei pra Olinda, Pernambuco, - uma saudade do calor...
E pouco tempo depois comecei a pós-graduação em Fotografia em Recife, mas isso é outra história.
até a próxima! nos vemos!
Carol
menor temperatura que peguei foi -4 graus (quatro graus negativos) mas a sensação térmica era menor ainda.