Ir pra um show que a gente gosta é sempre se conectar com quem canta, que parece que sentimos o mesmo de quem escreveu. Quando estou diante do palco, é como se as vezes aquela cena tivesse acontecendo em camera lenta, com suas inúmeras luzes coloridas só pra mim. Então mergulho na vibração dos músicos, da música, de mim, do que sinto, do que vejo, e presto atenção, até um ponto que faço o click e a partir dali meu olho, minha cabeça, meu corpo e minha camera entram num outro plano que vejo tudo que acontece diante de mim, como magia.
O Palco é um lugar que todo mundo sempre tem boas histórias pra contar, algumas até censuradas. Vou contar a primeira história, da primeira vez que fotografei Palco, e era o Tom Zé.
Eu queria muito ir no show dele e não tinha grana pro ingresso. Era sábado, algumas amigas iam, e eu resolvi ir no bloco que estagiava pra pegar uma camera, um tripé, colocar lá e fazer umas fotos, e dizer que era pra bloco que eu trabalha, que era de Comunicação, e tinham uma revista interna dos eventos da Universidade. Com ajuda de uma amiga que também trabalhava no bloco, falamos com o segurança, pegamos o que precisávamos, deixei tudo montado e saí. Quando voltei falei que ia fotografar, que o equipamento já tava montado ali, e me deixaram entrar. Fiz as fotos do show do Tom Zé, e no final um amigo que também é fotografo teve acesso ao camarim, e eu pequena fui atrás dele. Fiz fotos, e o Tom Zé até pediu foto com os fotógrafos. Depois sai rapidinho pela portas dos fundos e chamei todos os meus amigos pra conhecerem ele… hahahah entrou uma pá de gente e tiramos fotos com todos.
No dia seguinte, claro que contei pro meu chefe, que também já sabia, e eu tinha devolvido o equipamento assim que o show terminou. Mas fiquei tão feliz e empolgada, estar perto de quem a gente admira… e que pouco a pouco fui fotografando mais shows, a maioria sem ser contratada, fazia porque gostava de estar naquele lugar, até que quando completou uns 7 anos que eu tava fazendo isso, alguém falou, “tu ainda fotografa palco?” e na hora eu ”oxi, eu fotografo palco? … eita é. e respondi - sim.” e então me dei conta que fazia isso.
Depois de 10 anos reencontrei Tom Zé nos palcos, dessa vez em Olinda, também o fotografei - e fiz uma das minhas fotos favoritas, com ele cantando na chuva. E naquele momento eu também não estava sendo remunerada pra isso. Sempre me arrisquei. Fosse na chuva, de intrusa nos shows, ou no Pitt de fotógrafos… mas fazer o que se ama só por amor, sem grana é foda.
Já se passaram 15 anos, e quase não tenho mais fotografado palco. Talvez quando eu troque o equipamento por um mais leve, tenha mais disposição. Além claro, do convite.